sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Alma

Eu quero um canto
um canto onde posso desperdiçar minha alma
ouvindo um canto
e tomar a mim mesmo como sou
minha alma deita-lá de banda
deixá-la para as gotas dos piscos de meus olhos
cumprir a saga da dor
e eternizar o amor

A via

havia uma mulher um caminho um violão
havia um banco uma voz uma nota
havia...
a via de sua vida
na melodia no descanso na voz
havia um menino uma janela
havia assovios
sorria, aplaudia...
havia
a via
de uma vida de alegria


E só!
é só sem você junto a mim

somente só
me dá um nó
de você

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Sentidos

Talvez amanhã
Se eu não pude nascer hoje
Tentarei abrir os olhos mas
Alguém camuflado de ouro
À luz me cegará
Coração se eu não derramar meu sangue
Sobre alguém
A vida me existirá
Se eu não me alimentar da luz
Umbigo não terei
Não comerei

Convir de que humano
É dedicado ao desabrigo
Pele ao suor
Olhos à desilusão

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Divindades

De uma visão por cima percebi dois homens juntos assim como duas alucinações imediatas de um deja vu que não vi mas sobresaiu de mim. Dois homens na escada na pareia, iguais. Percebi um montante de momentos estes que não vem mas voltam sempre de maneira reflexiva. Passos passados sintônicos deja vu. Nas oito horas de êxtase me vi sem esse outro, não quis o outro, quis eu meu deus. Deuses não fazem outras divindades de plata, platônicas... O deus que sobresaiu saiu, sou eu deus platônico. Olho naquela parede de areia em alta temperatura que reflete o deus de mim. Eu meu deus? Cada centimetro da reflexão aquele outro me observa, mesmo sinal habitual dos homens Deuses sintônicos que amam eles sabendo que se amam sem eles. Sem eles quem, meu deus? Sem mim me amo e no outro amo o reflexo platônico.

sábado, 20 de junho de 2009

Risco

Pronfundamente esculpindo uma casca que por dentro, o movimento das sequelas do triunfo da dor-alergria-dor não param de tentar destruí-la, o risco literalmente da vida. Ainda casca, pode ser seguro para os ossos para a derme para o viver. Ainda casca, pode ser perigosa o bastante para a composição do ser. Depois de destruída só a terra para compô-la adubo fértil. Sabendo que casca não protege, não como terra. Morte. Ai, que perigo o risco de viver aqui bem aqui, com casca ou sem casca. Invólucro de viver.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Pulmão Maculado

Absorto da paciência ele estava. Gritar bater xingar? não sabia se poderia dizer. O sanduíche de patê na mão o cigarro na mão da outra os fluídos trocados, eram iguais! Cigarro e sanduíche? Não! não não. Lágrimas e dor. Para quê sanduíche, então? Cigarro, até entenderia, gentileza de um amigo, não sabia o que fazer só prestar gentilezas. E... o sanduíche mesmo? Ah! à fome mesmo, talvez o buraco estava aberto o poço mais fundo o sanduíche à boca meio insosso, mas, um sanduíche preparado para o buraco. As lágrimas não trabalhadas para a terra ainda caiam jorradas para a pele. A outra ainda amiga sentia desejo de fumar mais... o pulmão?... maculado. O rapaz esvaziado.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Borro no papel lembrado

A chuva cai no papel que estava roto por ter sido colado ao outro. O papel cada vez mais transparente sobre o chão de calcário. As linhas sumindo, desaparecendo. Por conta a chuva fura o papel tamanho é a força da gota. Bate, se espalha, mas não se divide, pois é uma composição, uma harmonia, espalham-se várias mesmas. O papel, coitado, molhado, dividido, decomposto. Meu papel de recado, meu lembrete, meu único papel de memória de um dia me ver amado. Jogado fora, borrado.

http://www.youtube.com/watch?v=ABpvdszxtbI

segunda-feira, 15 de junho de 2009

À Maria tia nega

Ê Maria trabalhadeira, arrumadeira, doceira! Maria disse que podia ser Maria para as suas negas. Podia o quê, Maria? suas negas perguntavam. Podia ser de Maria a mania de chamar as negas para o trabalho de ser Maria. Mas a preguiça, Maria? Maria preguiça? Cabe preguiça de Maria? Negas pensadeiras, caseiras, comodadeiras. A preguiça de Maria é trabalhar com as negas. Uma vez Maria se viu preguiçosa, no dia em que as negas disseram que podiam. Negas reclamaram: com Maria podemos, o quê?! não sabemos!, mas como Maria faremos.

Pensamento do Eu

Quem sou eu senão um pensamento que diz acerca de mim mesmo, vegetativo, munido de forças que confundem o meu viver, nada mais que uma batalha com aquele que se perdeu, se esmiuçou a tempos... Tempos decisivos, corridos para alcançar o êxtase de experimentar cada momento construído no que sou, um pensamento. Aí, os outros são outros pensamentos que entram, que mudam, que afundam, mas não se afogam n'água de poço, paredes sem mofos, longe de ser o fim do poço, talvez o meio, não o fim. Eles se gostam, se falseiam, dizendo que amam seus calacanhares. Ainda com colares mostram que podem nadar no poço, mas grudados estão aos calcanhares d'outros. Na hora certa, a hora dos rapazes, dos algozes, dos falos tenazes, respirando sensualidade, beijam com as mãos nos calcanhares. Daí, já era o pensamento. Agora, talvez, o firmamento.